Trabalho independente conquista jovens recém-formados
Trabalhar em casa, não ter chefe, fazer o seu próprio horário... Para alguns, pode parecer algo utópico, mas é a realidade de muitos profissionais no Brasil. Hoje, 45% dos profissionais brasileiros ativos não são registrados, de acordo com dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
O motivo? A psicóloga Laísa Weber, que também atua na área de recursos humanos, explica que os jovens são atraídos pela informalidade do trabalho independente e a possiblidade de desenvolver algo inovador. “Os profissionais de hoje valorizam mais fatores como autonomia, qualidade de vida e flexibilidade para que possam dar vazão a múltiplos interesses.”
É o caso de Felipe Poveda, 21, de São Paulo, que trabalha com soluções para web e manutenção de computadores para restaurantes. Ele acorda às nove horas, toma café da manhã e reserva um tempinho até o horário de almoço para o lazer. “Tento trabalhar mais na parte da tarde para conseguir descansar, pois rendo mais nesses horários. Sou uma pessoa que tem um desempenho melhor à tarde e à noite”, conta.
A designer Denise Tiburzi, 28, de São Paulo, diz que estipula metas para se organizar com suas tarefas, mas faz alguns intervalos de vez em quando. “Eu chego a trabalhar 18 horas por dia, mas depois de ficar três horas tratando fotos e com a vista e ombros doendo, eu paro e vou cuidar de outra coisa para que a cabeça fique leve e recomponha minhas energias. Assim, consigo trabalhar por mais tempo sem perceber.”
Por juliana bernardinele
A flexibilidade no horário e a autonomia têm chamado a atenção dos recém-formados que não querem trabalhar em escritórios. Mas e o lado ruim?
Acervo Wix
Mantendo o foco
Para não perder a atenção, a dica é evitar as redes sociais. “Hoje em dia com a internet e a televisão é sempre um desafio. Normalmente, quando percebo que estou desfocada, fecho as janelas de redes sociais e desligo a TV”, comenta a ilustradora Lygia Pires, 31, de São Paulo.
E o retorno financeiro?
Trabalhar em casa e sem horário fixo. Quem não gostaria que essas palavras andassem de mãos dadas com um bom desempenho financeiro? Infelizmente, nem tudo é perfeito. Quando o assunto é dinheiro, é unânime: a incerteza preocupa.
Laísa afirma que profissionais independentes podem estar mais vulneráveis à situação econômica atual do país, uma vez que recebem um salário fixo. “Geralmente levam um tempo para conseguir controlar a ansiedade diante de momentos econômicos menos favoráveis. Aos poucos, aprendem que precisam aproveitar para desacelerar e investir em aprendizado”, completa.
Para que não falte dinheiro na conta no final do mês, é preciso planejar muito bem as receitas e ter uma boa reserva estratégica para lançar mão quando necessário. A consultora financeira pessoal Evanilda Rocha dá as dicas essenciais que todo autônomo deve saber na hora de controlar as finanças.
Conhecer bem seus números
Evanilda afirma que o autônomo deve saber exatamente quanto dinheiro precisará para os gastos de um mês comum. “Dessa forma, ele saberá quanto precisa faturar por mês para cobrir as despesas básicas e nos meses em que a receita for maior, ele deverá investir esse dinheiro recebido a mais”, explica.
Ter receitas recorrentes
Segundo a especialista, o planejamento financeiro do autônomo precisa ser muito bem feito, uma vez que ele não tem um salário fixo mensal. “Por isso, planejar bem as receitas e, se possível, ter algumas com as quais pode contar todos os meses são duas coisas muito importantes”, completa.
Montar um fluxo de caixa
A consultora ressalta que é importante fazer a gestão dos gastos com o trabalho e um orçamento para controlar as finanças pessoais. “Com essa dica, o autônomo poderá saber com antecedência suas necessidades de caixa e assim, entrar em ação para gerar faturamento e renda.”
