
Assédio moral afeta 52% dos jovens brasileiros
Desrespeito, constrangimento e humilhação de maneira constante. Você já passou por isso? A queixa tem nome: assédio moral. E para quem está iniciando a carreira, os sentimentos são aflorados e difíceis de discernir. Segundo pesquisa feita em 2014 pelo VAGAS.com, portal de carreiras no país, 52% dos jovens de entre 21 e 29 anos, já sofreu assédio moral no trabalho. As consequências podem ser irreparáveis, afetando toda a vida profissional, e gerando possíveis traumas, como depressão, perda de produtividade no trabalho e baixa autoestima para realizar tarefas.
Segundo a psicóloga Marli Arruda, que assessora grandes empresas como Setrans – Sindicato de Empresas e Transportes de Cargas do ABC, Basf, e outras, o assédio moral é muito comum em todas as faixas-etárias, mesmo assim, os jovens que acabam de sair da universidade são os que mais sofrem com isso no ambiente de trabalho. “Primeiro pela falta de experiência, já que dependem da aprovação do chefe. E depois, pelo anseio de dizer o que pensa em aspectos pessoais” diz. Em alguns casos, até mesmo opiniões divergentes sobre futebol e política podem causar desavenças.
A psicóloga ainda explica que não é proibido falar sobre esses assuntos no trabalho, mas que a forma como você se expressa pode ser crucial. “Atendi um jovem de 21 anos que torcia para um determinado time e todas as pessoas do departamento, inclusive o chefe, torciam para outro. Começaram a chama-lo de homossexual. Vi aquele homem chorar várias vezes”, completa.Outro grande motivo das humilhações nesse ambiente é a insegurança dos chefes. “O recém-formado geralmente chega com um ânimo novo na empresa e o empregador pode se sentir ameaçado e começa a chamá-lo de burro, incompetente, fazendo com que o empregado recue”, complementa Marli.
Por Vanessa Ratti

O assédio está presente também na ficção, como no filme "O Diabo Veste Prada", a diferença é que na vida real o final nem sempre é feliz.
Fotos: Divulgação

Características do assédio
As piadas, chacotas, apelidos, brincadeiras e conversas são normais em qualquer ambiente, inclusive no trabalho. João Malito, advogado trabalhista lista algumas atitudes do chefe e companheiros de trabalho que podem ser consideradas assédio.
Camila de Oliveira, de 21 anos, mora e trabalha em São Paulo. "Eu passei por isso no meu primeiro emprego. Eu era gerente de vendas e estava acima do peso. Usava um uniforme da empresa que era laranja e eu realmente estava acima do peso, mas o meu supervisor colocou um apelido de “mexirica pocã”. O apelido pegou pela empresa inteira e me deixava muito mal. Acabei me calando e pedi as contas, devia ter feito o contrário”.


Denuncio ou não?
Segundo o estudo do VAGAS.com, a denúncia é feita pela minoria das vítimas, cerca de 87,5%, neste número a maior parte são jovens que temem perder o emprego.
A advogada trabalhista Caroline Vicentin atende principalmente jovens, e diz que a maioria tem medo de denunciar e “manchar” o currículo, bem como, receio de perder oportunidades. “Esse quadro acontece em empresas grandes. Eles tentam aguentar até quando podem e isso vai ficando mais sério, até quando pedem demissão e perdem seus direitos trabalhistas, que nem conhecem”.
Quais são os meus direitos?
Pouca gente sabe, mas quem sofre assédio moral ou sexual tem o direito de receber rescisão indireta. “É como se você fosse demitido de fato da empresa. Se a pessoa ganhar a causa, a instituição é obrigada a pagar 40% do FGTS e seguro desemprego”, explica Caroline. Para isso, a vítima precisa procurar um advogado trabalhista e provar por meio de testemunhas, e-mails, fotos e até vídeos, que sofreu o assédio e que a rotina com o empregador ficou insustentável. Foi assim que aconteceu com Giovana Moreira, de 26 anos. Ela juntou vídeos de assédio sexual pelo seu chefe e ganhou a ação na justiça. “Isso mexe comigo até hoje, meu chefe entrava na sala e se masturbava na minha frente. Gravei cinco dias seguidos e entrei na justiça contra ele. Ganhei uma bolada, mas as imagens são difíceis de esquecer”, conta.

como denunciar?
Se você já se identifica como vítima, a advogada Caroline Vincentim ainda dá algumas dicas de como juntar provas para a denúncia.
Filme – Nada melhor que levar aos tribunais a imagem do momento em que o assédio ocorreu. Mas, nem sempre tirar o celular do bolso e filmar dá certo. Se você conseguir, muitos pontos para você. “É muito raro a vítima perder a causa quando apresenta um vídeo como prova”, explica.
Gravação de áudio – Essa é a forma mais fácil de flagrar o ato, já que dá para se manter o celular escondido. “Vamos supor que o seu chefe te assedia constantemente, deixe o gravador do seu celular ligado no momento em que ele chega”.
Testemunhas – Além das duas primeiras provas, é importante ter alguém como testemunha. “Muitas pessoas não comentam com ninguém da empresa, por isso quando vai entrar com a ação acaba não ganhando”. A advogada finaliza dizendo que é importante relatar algum fato para alguém da empresa, com certeza o juiz vai solicitar a presença delas nos tribunais.



O longa conta a história de Andrea (Anne Hathaway), uma recém-formada em jornalismo, que mesmo achando o mercado da moda fútil, consegue a vaga de assistente de Miranda Priestly (Meryl Streep), editora chefe da revista Runawey o cargo que toda garota se mataria para ter. Mas o trabalho começa a virar pesadelo. Miranda trata a todos de forma humilhante, e com ela não é diferente. A editora e os colegas de trabalho de Andrea olham com desprezo da forma como ela se veste, até que ela tem que mudar.

Ellen Woods (Reese Whiterspoon) se forma em Direito, em Harvard, mas não abandona as roupas rosas e o seu cachorrinho. Mas ela já conseguiu o primeiro emprego, que não é bem o que ela esperava. Depois de descobrir que a mãe do seu cachorrinho estava sendo usada como cobaia de cosméticos, ela resolve lutar pela causa. O resultado? Os colegas de trabalho não acreditam na causa e chegam a humilhá-la, até que ela é chacoteada pela chefia, e até chega a ser despedida.

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O longa conta a história de Andrea (Anne Hathaway), uma recém-formada em jornalismo, que mesmo achando o mercado da moda fútil, consegue a vaga de assistente de Miranda Priestly (Meryl Streep), editora chefe da revista Runawey o cargo que toda garota se mataria para ter. Mas o trabalho começa a virar pesadelo. Miranda trata a todos de forma humilhante, e com ela não é diferente. A editora e os colegas de trabalho de Andrea olham com desprezo da forma como ela se veste, até que ela tem que mudar.